Naquele banco


Essa história é muita mais antiga do que você pode imaginar. Vem dos primórdios da era tecnológica.  Quando papel e caneta eram os principais meios de comunicação. E como sempre tudo começa em um dia qualquer...

Era tarde de verão, eu estava sentando na praça da cidade no mesmo banco de sempre, estava ali apenas apreciando a paisagem, pensando na minha vida monótona. Quando por algum acaso um papelzinho voando com vento esbarrou na minha perna. Peguei na mão para joga-lo na lixeira, mas por algum motivo besta pensei em ler aquele bilhetinho.

Assim que abri o bilhete me surpreendi com a quantidade de borrões que havia na folha, provavelmente lágrimas caídas. Esse fator já foi mega impulsionante para a minha curiosidade, eu queria saber porque as lágrimas, e mais ainda, porque aquele bilhetinho estava voando perdido por ai.

No bilhete dizia:

25 de Maio
"A alguns dias sentei nessa praça sei lá porque, alguma coisa que eu não pude entender no momento mandou meu coração pra cá. E também porque motivo eu o obedeci.
 Sai de casa sem nem se quer saber porque... o fato é que o coração fala mais alto no peito da gente.

O sol já estava quase se pondo, haviam muito casais passeando por ali, talvez aguardando o por-do-sol em frente ao lago, aliás que lindo lago, quem dera eu ter uma companhia para dispor do momento comigo. Apenas um pensamento vago.
Enquanto caminhava chutando algumas pedrinhas pela calçada vi uma moça sentada em um banco. Ela era linda, tinha cabelos loiros, pele alva e branca, e muito delicada no modo de se vestir. Tive que sentar no banco mais próximo dela, eu tinha que ficar ali, por algum motivo eu tinha que ficar ali. 
Ela estava distraída olhando o lago e o por do sol, nem deve ter notado que eu a observei o tempo todo. Não sei porque, mas havia alguma coisa nela que eu precisava pra completar a minha vida, ela era incrível e eu nem sabia o nome dela, na verdade eu não fazia ideia de quem ela era. 
Durante todos os dias até hoje, faz parte da minha rotina vir até está praça para a observar. E eu já até descobri muita coisa sobre ela.
Seus olhos verdes. Ela toma sorvete até nos dias mais frios. Ela adora livros de romance. É super distraída. Desastrada deve ser seu apelido. Ela não leva jeito com as pessoas. Se esconde atrás dos cabelos quando fica com vergonha. O sabor de sorvete favorito dela é flocos. Tem problemas com salto alto. E tem o sorriso mais lindo do mundo... e antes de tudo, agora tem meu coração. 
Eu amo ela, sem mesmo saber seu nome, eu amo ela sem que ela saiba que eu existo. E eu não tenho coragem de ir falar com ela, sou fraco por não consegui, mas todas as vezes que tentei minhas pernas travaram.

E agora só digo que Amo ela e que este talvez seja um daqueles amores impossível que o tal do Shakespeare falava. E que o bilhete que acabo de escrever o vento leve até onde for..."  

Assim que acabei de ler não acreditei, olhei para o lado e lá estava o tal rapaz, ele me observava fixamente, ele tinha notado que eu havia lido o bilhete, e já estava ficando vermelho, eu também, mas eu tinha que fazer algo. Aquela declaração não podia ficar sem uma resposta. Então sorri pra ele, e ele sorriu de volta, naquele momento algo mágico também brilhou dentro de mim, caminhei até ele e disse "oi". A partir dai uma nova história linda de amor estava sendo traçada, com um inicio inusitado e sem fim.

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