Aquele e-mail




Hoje acordei daquele jeito magico, um fiapo de luz entrando pela fenda na veneziana, uma brisa leve entrando pela fresta da janela e alguns passarinhos cantando. Precisei de alguns segundos para saber se estava acordada ou dormindo, na verdade só me caiu a ficha quando ouvi um carro barulhento passar pela minha rua. Então abri a janela e vi o dia lindo que fazia lá fora, o céu estava azul, o clima estava perfeito, estava um pouco frio, mas é assim mesmo que eu gosto.  E para ainda melhorar é sábado.


Levantei, de pijama mesmo fui até a cozinha preparar meu café. O garoto já tinha passado entregar o jornal, então como de costume ele deixava nas grades da minha janela da sala, peguei meu café e sentei na mesa para ler o jornal, como também é de costume, essa maldita rotina que vira nossas vidas depois dos 20.


Não havia nada muito interessante, só aquelas mesmas coisas de sempre, roubos, assassinatos, vandalismo essas coisas que não nos impressionam mais. Liguei a TV no noticiário, nada de muito interessante também, a gasolina com um preço mais alto, uma tal fabrica que pegou fogo, o dólar em alta, enfim aquele tipo de coisa que só te interessa quando você passa a pagar suas próprias contas.


Me lembrei que aquela semana ainda não tinha checado meus e-mails, então liguei meu computador e abri meu e-mail, aparentemente lá também não havia nada de muito interessante, alguns e-mails de propaganda, alguns daqueles comunitários com mensagens de paz, que eu até acho legaizinhos, e bem lá no final um e-mail que me chamou a atenção, era um e-mail seu, que tinha como assunto: Não ignore por favor. Abri o e-mail e lá dizia assim:



Bom dia Karen!

Há e bom final de semana também. É eu sei que mandei esse e-mail na quarta, mas sei também que você só lê seus e-mails no sábado de manhã.

Eu estava aqui pensando comigo, eu sei que fui idiota com você que não te tratei do jeito que você merecia, e acredite eu estou arrependido. Sei o quão chateada você ficava quando eu preferia trabalhar do que ir passear no parque com você, que eu te deixava triste quando você falava do nosso futuro juntos, imaginava nossa casa, nossos filhos e até o nosso cachorro, e eu desconversava tudo isso, sei que também é tarde pra te pedir desculpas, que o que eu fiz foi imperdoável e que eu te feri demais.

Mas eu seria um cretino se pelo menos não pedisse desculpas, na verdade é o mínimo que eu posso fazer.

Queria te dizer que me arrependi das vezes em que sai a noite com meus amigos ao invés de ir para sua casa, das vezes em que te deixei chorando sendo que o culpado era eu, me arrependo de não ter te mandado mais buques de flores, e me arrependo de não ter te abraçado e beijado mais. Isso tudo faz falta na minha vida. Eu sou idiota, e eu sei disso. Descobri o quanto te amo, e eu sei que é tarde para dizer isso, eu devia ter lhe dito antes, quando isso realmente importava, mas você precisa saber disso, mesmo sendo tarde.

Eu não sei terminar essa carta, mas acho que o jeito certo é eu dizendo o quanto te amo.

Bom, eu te amo muito!

Obs: estarei no café que a gente se conheceu as 10:30 h.


Assim que terminei de ler o e-mail olhei no relógio já eram 10:15 h. Coloquei uma roupa qualquer, peguei minha bolsa e sai depressa para  chegar a tempo no café. 


Será que essa história precisa de algum complemento para ser entendida? Sim, eu também o amo e sinto sua falta.

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