O meu primeiro amor



Já vai fazer uns sete anos mais me lembro muito bem, como se tivesse sido estes dias atrás. Eu deveria ter 8 anos, era metade do segundo semestre, já havia batido o sinal e estávamos todos em nossos lugares quando a  professora entrou na sala e atrás dela tinha alguém, um loirinho, muito tímido pelo jeito. A professora o levou até a frente de toda a classe e pediu que ele se apresentasse, ele ficou vermelho e gaguejava muito, mas pude entender seu nome, era João. Ele era loiro, tinha olhos azuis igual o do céu e a pele tão branca quanto os marshmallows de baunilha que eu comprava (comparação mais estranha não acham? Mais na época eu pensei exatamente assim, haha). Havia uma carteira vazia bem do lado da minha, e a professora pediu que ele se sentasse ali, eu abri um sorriso largo quando ouvi aquilo, e fiquei sorrindo para ele até que ele me devolveu um sorrisinho tímido, aquele sorriso me fez sentir estranha, era algo novo, muito diferente do que eu estava acostumada.

Com o passar do dias comecei a tentar conversar com ele, pedia um lápis emprestado, a cola ou qualquer outro material escolar, em seguida comecei a puxar assuntos com ele, descobri sua história em quadrinhos preferida, a sua brincadeira preferida e o seu desenho animado predileto que por coincidência era o mesmo que o meu, e então sim tínhamos assuntos para conversar. Com o tempo já eramos melhores amigos, eu deixei de lado as minhas amiguinhas para ficar conversando com ele, já João que era novo e tímido, nunca tinha feito nenhuma amizade na sala de aula. 

Nós vivíamos juntos, nossas mães nos levavam uma na casa do outro para a gente brincar, todos os sábados íamos ao parquinho juntos, a gente se dava super bem, e aquele carinho que eu senti por ele no dia em que conheci ele, e vi o seu sorriso tímido crescia cada vez mais. Durante dois anos fomos melhores amigos, até um certo dia que fomos fazer um passeio de bicicleta no parque e paramos para ver o por do sol em frente ao lago. Até que então você me falou gaguejando:
 Você acha que quando a gente for bem velhinhos nós ainda vamos nos conhecer?  A pergunta me pegou de surpresa.
 Por que está me perguntando isso?
 É que eu queria que a gente se conhecesse e ainda estivesse juntos, como estamos agora.

Ele me encarou bem fundo no olho, aquilo me fez estremecer, segurou minha mão e me deu um selinho, nesse mesmo momento ele ficou vermelho e abaixou a cabeça, igualzinho no dia em que nos conhecemos e eu sorri para ele. E então eu falei:
 Eu não sei se vamos estar juntos como estamos aqui, mas você vai estar junto comigo dentro de mim. 
Ele sorriu e então nos abraçamos forte. Alguns meses depois a família do João se mudou para um outro estado, e nunca mais tive noticias dele. Mas como uma primeiro amor, ele sempre vai estar guardado aqui dentro de mim, e eu vou me lembrar de João e sentirei muito carinho por ele.

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